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parada do orgulho lgbtq+

Parada do Orgulho LGBTQ+ tem sua decima sétima edição em Uberlândia.

por Sophia Assunção

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Bandeira do movimento LGBTPQIA+

O Universo LGBTPQIA+:

            Existem registros acerca da homossexualidade desde 1.200 A.C. Vários pesquisadores afirmam que a homossexualidade foi aceita em diversas sociedades na história, como na Grécia Antiga quando a relação entre homens era considerada uma forma de transmissão de conhecimento. E apesar disso, em muitos países diversos gays, lesbicas, travestis e transexuais foram covardemente violentados, torturados e mortos, sem a proteção Legal do estado, que contem leis omissas e diversas brechas que podem até mesmo respaldar a violência contra essas minorias.

            O primeiro código penal contra a homossexualidade data do século XIII e pertenceu ao império de Gengis Khan, onde a sodomia era punida com a morte. No Ocidente, as primeira leis anti-homossexuais foram publicadas em 1533, ambas redigidas sob a influência da inquisição.

            No Brasil, o movimento LGBT começa se desenvolver na década de 70, em meio a Ditadura Militar. As publicações alternativas LGBts foram essenciais para o crescimento da causa, com os jornais Lampião da Esquina e ChanacomChana.

A comunidade LGBT sempre foi extremamente discriminada, porém uma maior aceitação por parte da sociedade ocorreu nos anos 80. Com o surgimento das discotecas e a moda extravagante em alta, os lgbts passaram a ter locais mais elitizados para se reunirem e começaram a serem vistos como pessoas modernas, livres e elegantes, mas posteriormente, com a epidemia da Aids o preconceito que havia diminuído passou a aumentar, já que muitas pessoas atribuíam a doença a promiscuidade do mundo gay.

 

A Sigla LGBTPQIA+:

            A sigla de início “GLS” (Gays, Lesbicas e Simpatizantes) caiu em desuso com a adição de outras letras. Organizações internacionais como a ONU e a Anistia Internacional adotam a sigla “LGBT” (lésbicas, gays, bissexuais e transexuais). Dentro do movimento propriamente dito, as siglas podem variar (algumas organizações usam LGBT, outras LGBTT, outras LGBTQ…). A sigla  mais atualizada é LGBTPQIA+.

Descubra o significado das letras:

L: Lésbicas

G: Gays

B: Bissexuais

T: Travestis, Transexuais e transgêneros

P: Pansexuais

Q: Queer

I: Intersex

A: Assexuais

+: Sinal utilizado para incluir pessoas que não se sintam representadas por nenhuma das outras sete letras.

 

 Principais pautas defendidas pelo universo LGBTPQIA+ ao longo do tempo:

  • Criminalização da homo-lesbo-bi-transfobia;

  • Fim da criminalização da homossexualidade (e consequentemente das punições previstas pelas leis que criminalizam a prática);

  • Reconhecimento da identidade de gênero (que inclui a questão do nome social);

  • Despatologização das identidades trans;

  • Fim da “cura gay”;

  • Casamento civil igualitário;

  • Permissão de adoção para casais homo-afetivos;

  • Laicidade do Estado e o fim da influência da religião na política;

  • Leis e políticas públicas que garantam o fim da discriminação em lugares públicos, como escolas e empresas;

  • Fim da estereotipação da comunidade LGBT na mídia (jornais e entretenimento), assim como real representatividade nela.

 

1 Parada LGBTPQIA+ no mundo:

            Em 1969 na cidade de Nova York em um bar chamado “Stonewall”, frequentado preferencialmente por gays e lesbicas ocorreu uma batida policial em que ouve atos de violência e a prisão de diversas pessoas. Devido a isso, no dia 28 de junho mais de 1.500 pessoas foram às ruas protestarem contra a discriminação. Essa data ficou marcada como a primeira manifestação a favor da comunidade LGBT e se tornou a data oficial do “orgulho gay”.

            Após essa manifestação, a visibilidade do universo LGBT aumentou, fazendo com que outros países passassem a reproduzir a manifestação, que promoveu com que a homossexualidade parasse de ser considerada doença e conquistasse a permissão do casamento entre pessoas do mesmo sexo.

            Entre as paradas LGBTs mais famosas no mundo estão a de São Paulo (que reúne a maior quantidade de pessoas), a de São Francisco, Boston, a Europride (que percorre diversas cidades na Europa), a de Israel e a de Amsterdã.

 

1 Parada LGBTPQIA+ no Brasil:

            No Brasil, em 1997 ocorreu a primeira grande manifestação pública em prol dos direitos LGBT’s na cidade de São Paulo (SP), que contou com cerca de quase duas mil pessoas. Atualmente, a Parada em SP já conta com cerca de mais de 3 milhões de cidadãos e agrega pessoas de diversos grupos sociais além de defender várias causas do público LGBT.

 

Parada LGBTPQIA+ em Uberlândia:  

            Esse ano na cidade de Uberlândia foi celebrada a decima sétima edição da Parada do Orgulho LGBT, com o lema “Fortalecer a Diversidade e Respeitar a Igualdade”, organizada pela ONG Orgulho Trans, contou com 38 atrações. Sendo elas a banda Deminux, a dj Erica Roxette, Ylanna Houston, Grazella Oliveira, Hugo Baguncero, Guto Henrico, Joyce Diamond, Dryell, Dj Êlliéph, Roxxie Hart, Thur Oliveira, Jessica Hudson, Thiago Oliver, Glenoha Oliveira, Haylla Tash, Bis Kate, Paulete Truca Truca, Irmãs Cout, Aghata Samperson, Ricard Wolf, Kesco Jhones, Cêsamo, Gui Breatow, Donnata Melo, Alisha, Beth Principal, Nathanny Kat, Peixt, Samuel Vianna, Patricia e Cia, Gu Hayakawa, Sarah e Cia Epa, Emily Kat, Lucas Ribeiro, Mônica Kiss, Rafylla Rios, Hillary Top, Fiel e a atração principal Aretuza Lovi, dona dos hits “Joga a Bunda” (feat Pabllo Vitar e Gloria Groove) e “Movimento” (part Iza).

            A Parada se iniciou na praça Clarimundo Carneiro e percorreu um trajeto até a Praça Sergio Pacheco com dois trios elétricos com músicas preferencialmente nos estilos pop e funk. Os shows se iniciaram no período da noite na Praça Sergio Pacheco, porém com a chuva e a falha dos equipamentos de som, vários artistas não conseguissem se apresentar e não concluíram os shows. Apesar dos contratempos, a Parada foi extremamente alegre e politizada, ressaltando a todo momento as conquistas e dificuldades do LGBTS e acolhendo os simpatizantes da causa.

            Um caso de agressão na Parada de Uberlândia foi divulgado pelo site do G1, em que uma travesti, de 23 ano, foi vítima de tentativa de homicídio no bairro Esperança após a realização do evento, e infelizmente existem muitos outros casos de atos de violência nesses eventos, como o do jovem de 17 anos que foi espancado após o evento em São Paulo, no ano de 2009.

O Brasil é o país que mais mata LGBTS no mundo e ao mesmo tempo um dos que mais acessam pornografia gay, o que mostra que cada vez mais o brasileiro precisa ser conscientizado e severamente punido em caso de agressão contra esse grupo.

           

         Algumas entrevistas foram realizadas com o público LGBT presente na Parada, com o intuito de entender um pouco mais acerca dos dilemas enfrentados na vida de cada um deles, a primeira é referende a um homossexual assumido para a sociedade e para os pais, já a segunda se refere a um não assumido, ambos preferiram não se identificarem.

Entrevista com homossexual assumido.

1). A notícia acerca da sua orientação sexual partiu de você ou aconteceu de outra forma?

“Eu contei pra minha mãe e ela contou pro meu pai”.

2). Como sua família reagiu ao saber da sua orientação sexual?

“Tipo, a princípio, eu contei só para minha mãe, ela super me apoiou e ela mesmo falou com meu pai, ele ficou meio preocupado com o que a família dele iria pensar, mas no final ele me apoiou também. ”

3). Você vê muita diferença pela forma como você se portava antes de ser assumido para atualmente?

“Totalmente, antes eu chorava muito e ficava muito pra baixo, depois que eu contei tudo melhorou muito. Inclusive acho que todos deveriam se assumir, mas infelizmente a minha realidade não condiz com a do restante das pessoas que enfrentam esse tipo de dilema. “

 

 

Entrevista com homossexual não assumido.

1). Você acha que não ser totalmente assumido interfere em aspectos da sua personalidade?

“Pode interferir para muita gente, mas para mim não, sou a mesma pessoa em todos os lugares, inclusive em casa. Cresci rodeado de mulheres e sempre fui um pouco afeminado comparando a outros homens, já me julgavam antes de eu mesmo saber do que gostava, então quando eu soube nada mudou, minha personalidade já estava formada. ”

2). Ao não se assumir para seus pais, você acredita que é por que eles não aceitariam ou pelo fato de você não se sentir confortável em dizer e nunca ter surgido uma ocasião.

“Acho que mais para segunda alternativa, claro que eu acho que seria um susto para algumas pessoas, mas tenho certeza que elas continuariam me amando da mesma forma. ”

3). Você acha que é realmente necessário se assumir homossexual ou isso seria uma forma de preconceito com si mesmo, visto que heterossexuais não assumem sua sexualidade aos pais.

“Eu acho totalmente desnecessário, e esse é o motivo de eu nunca ter me “assumido”, quando eu beijava meninas eu nunca cheguei e falei “mãe beijei uma menina hoje”, então não seria diferente com meninos. Eu me atrair por pessoas do mesmo sexo não muda nada em mim, é só mais uma característica dentre tantas outras. Sempre falo que vou contar caso um dia eu namore, ou aconteça algo que faça minha orientação sexual mudar algo rotineiro na minha vida, por enquanto não vejo necessidade. ”

            A entrevista a seguir foi realizada com uma mãe que prefere não ser identificada, seu filho é assumido para a família.

1). Qual foi sua reação ao descobrir que seu filho é homossexual?

"Da forma mais tranquila possível. Desde cedo uma mãe entende das preferências sexuais dos filhos, é algo que aparece desde cedo sabe, então, sempre soube que o meu filho era homossexual. E diante disso, sempre quis deixar bem claro para ele o quanto isso não faz nenhuma diferença para mim, além de mostrar que o que importa pra uma mãe, é ver um filho feliz do jeito que ele é. A minha única preocupação sempre foi ele sofrer algum tipo de violência na rua, mas a gente tenta apoiar e conscientizar ao máximo para evitar esse tipo de coisa."

2). Qual a importância da aceitação dos pais para a opção sexual dos filhos?

“Acredito que seja muito importante , porque o que um filho que acaba de se assumir homossexual mais precisa, é do apoio vindo da família ou amigos em geral. O crescimento de um filho é ao lado do pai, da mãe, nada mais justo de quem cria tenha consciência de que a opção sexual seja ela qual for é a coisa mais normal do mundo e simplesmente apoiar por qualquer decisão que seja tomada. ”

 

Shama: Assistência ao público LGBT em Uberlândia:

O grupo Shama é uma Organização Não Governamental (ONG) que oferece atendimento social, psicológico e jurídico gratuitos a gays, lésbicas e simpatizantes, além de atender pessoas com HIV. Além de auxiliarem na criação de outras ONGs em prol da causa, como a organizadora da Parada Gay na cidade, a ONG Triangulo Trans. A Shama se localiza na Avenida Cesário Alvim, nº 1.330, no Bairro Aparecida.

 

Representatividade no Universo LGBTPQIA+:

            Assim como em qualquer outro grupo de minorias, como o movimento feminista, a representatividade é muito importante para a conscientização, o fato é que a homossexualidade e as tantas outras palavras que caracterizam a sigla LGBTPQIA+ existem a muito tempo na sociedade, mas foram muito reprimidas e veladas, portanto, quanto maior a representatividade maior é a conscientização. Algo essencial para acabar com o preconceito e a discriminação sofrida por esses grupos.

            Hoje em dia, no Brasil, a drag queen Pabllo Vitar é considerada referência no quesito representatividade.  Nordestina, gay e afeminada, como faz questão de deixar bem claro serve de inspiração para grande parte das pessoas que se incluem no universo LGBTPQIA+. Agora alguns exemplos de outras celebridades que são referências na representatividade:

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

A atriz Bruna Linzmeyer se assumiu em 2016, quando revelou publicamente o namoro com a cineasta Kity Féo e depois de um tempo se revelou lesbica.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

A atriz Nanda Costa relevou esse ano no dia dos namorados seu namoro com a percussionista Lan Lanh.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Luiz Fernando Guimarães, ator global, que protagonizou a série “Os Normais” é casado desde 2004 com Adriano Medeiros.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

A atris Alessandra Maestrini, sempre lembrada pela personagem Bozena de “Toma Lá, Dá Cá” se assumiu bissexual em 2004 para a revista Caras, em um depoimento muito bonito.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Marco Nanini, o eterno Lineu de “A Grande Família” se assumiu gay em 2011 numa entrevista à revista Bravo! Dizendo que decidiu se posicionar pela crescente homofobia instaurada no Brasil.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Aretuza Lovi, destaque da Parada do Orgulho LGBTPQIA+ é uma Drag Queen performada pelo brasileiro Bruno Nascimento que também é cantor, compositor, dançarino e comediante brasileiro.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Gloria Groove, drag queen performada por Daniel Garcia é uma cantora de destaque do universo LGBTPQIA+, além disso Bruno também é cantor, compositor, dublador, rapper e ator.

 

           Além de diversas celebridades servirem como forma de representatividade, é crescente a criação de programas voltados a essa causa, como o programa da TV Globo “Amor & Sexo” que aborda diversos temas pertinentes e a serie lançada pela Netflix “Super Drags”, além da série “Rupaul's Drag Race” também exibida pela Netflix, que conta sobre o cotidiano Drag Queen a partir de um show de talentos.

           A Parada do Orgulho LGBTPQIA+ do ano que vem ainda não possui data marcada, mas os frequentadores já estão ansiosos pela próxima edição do evento. A line up geralmente é divulgada próxima da data em que será realizado o evento.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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